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EDITORIAL CONTAG: O Ano Internacional da Agricultura Familiar

09/01/2014
06/05/2015
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Iniciamos o ano de 2014 com enormes desafios e expectativas para a categoria trabalhadora rural, principalmente por se tratar do Ano Internacional da Agricultura Familiar, Campesina e Indígena (AIAF/CI), declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de reivindicação dos movimentos sociais do campo de todo o mundo.

A CONTAG não vê o AIAF/CI como um momento festivo e somente como um período de adesões, e sim como um ano extremamente político para dar visibilidade ao papel da agricultura familiar, campesina e indígena na produção de alimentos de qualidade para as diversas populações. E, ao mesmo tempo, expor para a sociedade e para os governantes do mundo inteiro as dificuldades e necessidades dos agricultores(as) familiares, campesinos e indígenas de terem políticas públicas específicas e estruturantes, para viabilizarem sustentável e economicamente suas unidades produtivas. Afinal, o AIAF/CI é uma reivindicação antiga dos movimentos justamente para abrir um diálogo com a sociedade e com os governos, e de contraposição ao modelo de desenvolvimento agrícola praticado no país por meio da produção de commodities, de ser responsável por graves impactos sociais e ambientais, bem como pela concentração da terra e dos recursos naturais. Este modelo também faz uso excessivo de fertilizantes e agrotóxicos, que vem causando o envenenamento da terra, das águas e até mesmo das pessoas, deixando de ser uma questão agrícola para uma questão ambiental e de saúde pública. Já a agricultura familiar é caracterizada pela produção agrícola diversificada em equilíbrio com a conservação ambiental, pela preservação da cultura e dos costumes dos povos. Também podemos encontrar várias práticas agroecológicas e de produção orgânica por parte dos agricultores(as) familiares. Este segmento, mesmo ficando com a menor parte da riqueza produzida na agropecuária, é responsável pela produção de 70% do feijão, 87% da mandioca, 38% do café, 46% do milho e 34% do arroz (dados do Censo 2006). Portanto, a agricultura familiar brasileira exerce papel importante na produção de alimentos sadios e na garantia da soberania e segurança alimentar do País. Mas, ainda enfrenta enormes desafios, como o acesso ao crédito rural. 74% dos agricultores(as) familiares recebem somente 15% do crédito agrícola e possuem apenas 24% da área agricultável, mas produzem 38% do valor bruto. Do outro lado, o agronegócio fica com 85% do crédito agrícola, controla 76% da área agricultável, e produz 62% do valor bruto e emprega cerca de 26% das pessoas. Portanto, entendemos que a agricultura familiar e o agronegócio estão em lados opostos. Aliás, a própria Lei 11.326/2006, visibiliza essa diferença: “considera como agricultor familiar as pessoas que administram e trabalham com mão de obra da própria família nas atividades de seu estabelecimento, que não pode ser maior que quatro módulos fiscais, compreendidos como unidades territoriais determinadas pelos tipos predominantes de exploração e de renda obtida em escala municipal.” Em 2014, Ano Internacional da Agricultura Familiar, Campesina e Indígena, a nossa grande bandeira continua a ser a Reforma Agrária ampla, massiva e de qualidade, com terra e políticas públicas suficientes para as famílias rurais produzirem alimentos saudáveis de forma sustentável e para viverem com qualidade de vida.   Fonte> Jornal da CONTAG

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